Ceticismo Aberto
Kentaro Mori, do blog 100Nexus: Preciso me desculpar com os leitores pela ausência de novos posts nas últimas semanas, mas eu posso explicar! Estive dedicado à reformulação de um projeto paralelo e convido todos a conferir o novo CeticismoAberto.
Há muito material, desde curiosidades científicas até uma série de artigos mais detalhados analisando de forma crítica as alegações do paranormal. Você pode ter ouvido falar que a idéia de “Deuses Astronautas” não se sustenta, mas caso se interesse também porarqueologia, astronomia e antropologia, que tal conhecer em detalhes como o mapa de Piri Reis não foi criado por imagens de satélites ou a tribo Dogon não conhecia anões brancas, em um caso comentado por Carl Sagan, que, surpresa, ao final errou em sua explicação sugerida?
O novo CeticismoAberto foi lançado como um “beta”, e ainda há vários detalhes a corrigir – incluindo uma lentidão no site – bem como há pretensões ainda maiores, como a formalização da iniciativa como uma associação educacional promovendo a ciência e o pensamento crítico. Se você aprecia o 100nexos, ele é de certa forma uma extensão do trabalho que iniciei há oito anos lá no CA. Que tal envolver-se e participar de tudo isto?
Agora que a fase mais trabalhosa na reformulação do CA já foi encaminhada, voltamos à programação normal no 100nexos!
Posted by Kentaro Mori at Setembro 2, 2009 2:22 PM
Comentários
Porque vc afirma que e preciso ter uma mente abrangente mas seu blog me parece um tanto neopositivista e neohumanista, vc e um desses reacionários ultrapassados que acreditam no mito da ciência moderna?
Acho que sou pós-Kuhniano, logo não posso ser neopositivista. Não sei se sou neo-humanista, dado que sou partidário do Universo Inteligente de Gardner e da Teoria de Gaia de Margulis-Lovelock.
Pelo que me lembro, o adjetivo "reacionário" se refere ao romantismo irracionalista que era uma "reação" ao Iluminismo, à Revolução Francesa e à ciência moderna. Sendo assim, por definição, não posso ser reacionário.
Dado que eu era um ávido leitor de Planeta, Ufólogo, Parapsicólogo, na minha juventude, ou seja, bem New Age, mas "ultrapassei" essa fase juvenil, não posso ser ultrapassado.
Não tenho preconceitos contra Mitos, no sentido de Campbell e Jung. Logo, não acho que seja demérito acreditar no mito da ciência moderna, dado que este mito é muito interessante e bonito. É o mito de que é possível conhecer o Universo usando sua própria mente em vez de se basear em revelações de espíritos, anjos ou ETs. Mas como eu disse, o que adianta uma banda larga se a mente é estreita, não é mesmo?
PS: Pelo que me lembro, segundo Luis Pelegrini, antigo editor de Planeta, a New Age já acabou, destruida por vender sua alma ao comércio capitalista e por não ter critérios claros para definir o que é conhecimento e o que é superstição...
Se me permite ainda estou curioso, pois dados os floreios paradoxais de sua resposta sobre tuas inclinações teóricas ainda estou confuso. Confesso que andei dando uma lida nos textos do blog e gostei de algumas colocações tuas (um exemplo pode ser visto aqui com tua inclinação para Gardner e Margullis), por isso insisto em entender esses conflitos que acredito ter o discurso aqui com um pertencimento ao chamado "movimento cético" (coisa cientificamente incabível, paródia ateísta de internet que nunca foi sequer manifestada por uma corrente filosofia ou episteme, natimorto como uma manifestação universalista do conhecimento, há muito tempo, tempos préhistóricos!!! - a saber, desde Hume e Locke e fatalizado por Kant e Nietzche):
Bem, não vou "desprezar" a pesquisa que vc fez no universo Wikipédia sobre o que é ser "reacionário", porém, utilizei o termo no contexto de hoje, pois me referia às revoluções relativistas da ciência (Círculo de Viena, Escola de Frankfurt, lembra?) desde a Teoria do Conhecimento até nossos dias, digo isso, pois era a isso que me referia reacionário + pensamento cientifico (assunto de seu blog, se vc voltar à página do Wiki poderá ler logo de início "Reacionário é todo aquele que se contrapõe à Revolução, entendida como a subversão da estrutura socioeconômica e política da sociedade, para a resolução das contradições sociais em determinado momento histórico. Nesse sentido, entende-se como reação o conjunto de forças que atuam no sentido de retorno a uma situação passada, revogando mudanças sociais, morais, econômicas ou políticas." Humm, não ta mal. Portanto, se você é a favor da modernidade científica e sua lógica (na tríade - VERDADE, CERTEZA e RAZÃO, empirismo, materialismo, determinismo, reducionismo, metodismo universal etc.) você é certamente um reacionário, pois "as demarcações sobre ciência" "dos epistemólogos contemporâneos" já não acreditam mais em uma ciência positiva. Os revolucionários ganharam essa, a ciência não é mais o que era a duzentos anos atrás, porém, existem muitos movimentos que reagiram contra o relativismo epistêmico, o "neopositivismo" por exemplo, o movimento cético é uma caricatura "leiga" e exagerada dessas reações (pouco acadêmicas e largamente políticas).
Por isso se vc for um cético deste movimento, ideologicamente faz jus a bandeira "ultrapassado" e "neo-positivista" (não são ofensas, mas sim enquadramentos histórico-sociais, pode ser que o todo o quadro episteme da ciência pós-moderna atual volte a uma valorização cega do indutivismo, coisa que duvido muito.
Continua...
Ai vejo outro problema com sua resposta que realmente não entendi mesmo: TODOS e repito TODOS os pós Kuhnianos são relativistas epistêmicos (claro, Kuhn oferece o problema dos paradigmas como problemas da complexidade social da ciência e insere a questão da incomensurabilidade teórica) Ver os "pós-kuhnianos" (contemporâneos) mais destacados em pormenorizar e problematizar Kuhn, a saber, Lakatos e Feyerabend. Nem sequer um Popperiano pode ser um defensor de um "movimento cético" que dirá desses de internet, imagine um pós-kuhniano!!!! Juro que não entendi.
Obs: Outras coisas que não entendi - Revista Planeta não é lá uma referencia teórica auto-explicativa de sua orientação episteme; Campbell e Jung são escolas bem diferentes e são apenas isso, duas escolas de mitólogos que utilizam a psicologia analítica, existem muitas outras, não é por causa deles que a ciência moderna é tida como "Mito Iluminista" (vide Baumann ou Habermass ou Robert Kurz, que é melhor referencia para esse entendimento); Luiz Pelegrine não é autoridade em demarcação do que é conhecimento, até hoje não se sabe definir sequer o que é ciência de uma perspectiva do método! Imagine Pelegrine demarcando o que é “conhecimento” e o que é “superstição” (até porque aqui pisou na bola, superstição é uma das formas de conhecimento).
Quanto à banda larga e a mente estreita, um dos "mitos" do movimento cético é achar que a tecnologia resolve tudo - ajude as pessoas a pesquisar um pouco fora da net, tem tantas bibliotecas de universidade, o que tem na banda larga é "tudo tão ínfimo" e fora de contexto, fica como sugestão “anti-progressista”, mais uma característica dos pós-kuhnianos como “você afirma ser”.
http://www.cadernocrh.ufba.br/include/getdoc.php?id=1268&article=354&mode=pdf
Dê uma lida para que você possa entender melhor minhas criticas e o porque de meus questionamentos.
Ps: Apenas para esclarecer, o ceticismo que chamo de “movimento cético”, que é um movimento civil reacionário (que como disse é uma paródia e nem mesmo é discutico dentro das academias como uma categoria de “qualquer coisa séria”) é o ligado ao filósofo Paul Kurtz, um “neohumanista” conservador e sua cria política, o CSICOP, Committee for the Scientific Investigation of Claims of the Paranormal (Comitê para a Investigação Científica de Alegações do Paranormal). Seus objetivos práticos e sua posição filosófica de “ceticismo científico” são uma piada em termos epistemes e só são validados por associações como “Sociedade dos Céticos”, pela “Fundação Educacional James Randi”, e por várias organizações céticas estadunidenses menores (com cópias mau feitas em outros países (Muitos dos grupos estrangeiros e estadunidenses regionais são associados formalmente ao CSICOP). Estão destinadas a “desinformar o publico leigo” sobre as demarcações do que é ciencia, utilizando-se de conceitos positivistas refutados a séculos e por isso mesmo de princípios nada dignos da ética científica (nem os positivistas originais aprovariam tamanha falácia). Assim, tem uma agenda política ligada á manutenção do poder das instituições como fornecedoras da “realidade” e da norma social, deplorável.